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domingo, 30 de dezembro de 2018

Tudo bem?

A trivial pergunta "tudo bem?" nunca mais teve o mesmo efeito - ao menos não teve mais a mesma resposta. Eu não faço ideia se estou bem ou mal, eu apenas vou seguindo. Há dias em que parece que tudo foi superado, em outros parece que foi ontem, pois a dor me consome por inteiro. Me sinto derrotado.
Apesar de eu estar lidando com as minhas questões, tenho tendência a me fechar em meu casulo ou criar uma espécie de muralha, e sobrevivo. Porém, em alguns momentos esta muralha cai e então eu exponho toda a minha vulnerabilidade e me despedaço. Será que isto algum dia vai passar?
Então eu passo a evitar as coisas que me deixam vulnerável e exposto, infelizmente eu acabo voltando ao casulo. Ando tão cansado, sem ter tido o tempo pra mim e com isso acabo extremamente irritado, não quero ver pessoas, não quero sair pela rua, não quero ouvir música e nem trocar de roupa. Mas sou forçado a fazer tudo isso e então buuum, eu explodo feito uma bexiga que recebeu mais ar do que poderia aguentar.
Eu estou assim, inconstante... mas sou cobrado por isso e a cobrança me faz retroceder mais ao invés de me permitir avançar. Está difícil. Sigo calado.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

A última

Ontem foi a última. Pela primeira vez, foi a minha última apresentação do ano.
Da última vez em que estive lá, ele ainda vivia (já no hospital, mas vivia). Da última vez que me recordo, dancei aquela coreografia com ele literalmente ao meu lado, e foi a última coreografia de ontem, a última coreografia do ano.
Foi difícil ontem. Eu o via em todos os cantos, eu o via tirando fotos naquele estande com os anjos, pois pelo que eu me lembre, da última vez ele tirou algumas fotos ali.
Últimos dias do ano, primeiras datas festivas sem ele. Ando mais sensível, minha tristeza/saudade se transforma em irritação, pois se une ao cansaço do ano conturbado. Eu preciso parar, preciso de uma pausa. Preciso fazer nada.
Ontem foi a última...
Ah, se eu soubesse que aquela seria a nossa última dança.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

A máscara

"Agora eu já posso passear." Foi o que você me disse quando recebeu esta máscara. Estava todo contente por ter tido a oportunidade de sair daquele quarto de hospital, após dias sem ver a luz do sol. 
"Sexta-feira eu acho que já vou para casa!" Você me contou. Contudo, na sexta, meu telefone tocou e a voz do outro lado dizia: "Teu irmão foi para a UTI. Apenas para..." e ali eu já sabia que tinha alguma coisa errada e aquela informação era um tanto falsa. Até mesmo a voz do meu pai, do outro lado da linha, carregava a incerteza em tudo o que proferia. "É, teu irmão não sai dessa não!" A frase que não me assustou, mas me feriu bem fundo pelo simples fato de eu ter concordado com ela. Não era pessimismo, não era falta de esperança, acredite. Na verdade, poucos tiveram a coragem de falar em voz alta como o meu pai fez. Como eu também o fiz: "Amiga, meu irmão não sai daquele hospital." Falei aos prantos a frase que mais me machucava, a verdade que mais corroía o meu ser. 
Antes de toda a nossa rotina avassaladora que durou 29 dias, eu disse ao meu irmão "hoje você não volta pra casa". Falei por saber que ele estava mal e precisava ficar internado um pouquinho. O problema é que ele não voltou de verdade. Também teve a profética: "Nossa, deve ser a tua única refeição do dia." Demos risada, pois ele me contava sobre o tamanho do pão que serviram no café. E, de fato, nunca mais ele comeu normalmente, pois poucos dias após estas mensagens, o coma. 
A hora do almoço nunca mais foi a mesma. Era o momento de receber o boletim diário daqueles que haviam ido à visita. Eu comia sem sentir gosto ou cheiro. Eu comia sem ter fome. Eu comia porque eu sabia que precisava de energia para viver. Eu comia querendo morrer. 
"Mãe, minha colega de trabalho ofereceu umas sementes e orações, se você acreditar pod..." fui interrompido por ela: "Filho, teu irmão está desenganado." O tempo parou, o vento soprou mais devagar, as pessoas se moviam feito borrões ao meu redor, nenhum som mais foi ouvido. Eu me encontrava ali, naquela sala que se tornou imensa, senti-me sozinho e abandonado. Então meu telefone começou a tocar, mensagens começaram a chegar. Todos querendo saber o que estava acontecendo, e eu apenas desaparecendo. Eu não tinha mais forças para atualizar os amigos. Passei a mentir "ele está estável, não melhora e nem piora." 
Voltei ao mês de janeiro quando contei a mentira maior. Meus pais saíram de férias e me deixaram uma tarefa - "Fique de olho em seu irmão, ele anda muito estranho", respondi prontamente que não tiraria os olhos dele. Realmente, ele estava estranho, falava menos, saía do quarto menos, comia menos, fazia tudo menos. Quando tive a chance, falei sobre o tamanho da minha preocupação por ele... finalmente ele me confessou. Dizia ter dores ao comer, que já havia ido ao médico, tudo estava em ordem, logo a saúde estaria de volta ao normal. Mentira. Mentira atrás de mentira. Mandei mensagem aos meus pais e assinei a sentença: "Ele está bem, só queria ficar um pouco sozinho. Aproveitem a viagem." Eu só pensava em não deixar meus pais tão preocupados, pois parecia ser algo tão pequeno. Afinal, ele havia ido ao médico que o diagnosticou com gastrite. Remédios tomados, tudo sendo bem tratado. 

Mas ele continuava fazendo tudo menos. Veio a tosse suspeita, mas o próprio nos disse "É reação ao medicamento." Fingimos acreditar, hoje eu penso que deveríamos era ter sido teimosos e tomar uma atitude mais agressiva. Não, não quero lidar com os "e se" da vida, acredito que tudo aconteceu porque sim! Um dia antes de ser internado, passou a tarde com os sobrinhos, mesmo com dores horrendas na coluna. Já era o primeiro passo de sua despedida. "Você vai ao médico, conte tudo o que está acontecendo, não esconda nada! Se voltar pra casa eu te carrego de volta debaixo de porrada. Você não vai voltar pra casa..." E foram minhas últimas palavras cara a cara com meu irmão. Depois foram apenas desejos, esperando atingir seu coração... o coma! E tudo acabou. Logo eu que não ligo para datas, veio o dia 12 e ocupou a vaga. Eu tento não pensar, tento não contar, mas quando a data chega, impossível indiferente eu ficar. 

"Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do caminho..." (Santo Agostinho) 

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

O colchão

Um simples colchão. Não há nada demais. Este colchão tem a mesma finalidade dos outros - servir de apoio para o corpo cansado relaxar. É o lugar aonde passamos mais horas de nossas vidas. O colchão. Repentinamente eu me dei conta do quanto aquele colchão me machucava, não ao meu corpo, não está na hora de trocá-lo - aliás, ele é novo -, ele machuca meus sentimentos. Mas como? Simples: a finalidade dele era única. Eu comprei para substituir um colchão velho que já não servia mais para aquele corpo. Eba! Colchão novo... só que ele não chegou a ser usado por quem fora destinado. Então, este colchão por um momento representou o retorno de alguém, a esperança da volta, o dono ausente. Agora ele representa a esperança e a vontade de ter alguém voltando pra casa, mas que nunca voltou. Uma esperança que feito nuvem se evaporou. O colchão ainda está lá, cumprindo o papel dele, mas ainda me machuca cada vez que penso nele.  

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Shakira - Duetos (final)

E o show já foi e eu fui também! Só tenho uma coisa a dizer: foi incrível! Mas vamos manter o foco, pois preciso finalizar a lista de duetos de Shakira. 

fonte: papel pop
Vamos relembrar que mencionei os duetos em que, na realidade, ela foi convidada e não a "anfitriã". No entanto, preciso fazer menções honrosas aos duetos que fazem partes de seus discos.

Começamos com a quentíssima parceria com Alejandro Sanz


Seguimos com a recordista Hips don't lie com Wyclef Jean



Então passamos para o romantismo com Carlos Santana



Teve uma parceria mais urbana com Lil Wayne


A sensualidade latina representada por Loca e Rabiosa com El Cata



E a provocadora "sofrência" com Rihanna



Sim, deixei de fora as parcerias com Maluma e Carlos Vives, pois são mais recentes e estão aí, na boca do povo. E voltando à programação normal, damos início à última parte dessa lista com 

SHAKIRA E PRINCE ROYCE
Fonte: Vagalume,com
E 2017 começou com este encontro entre o americano e a colombiana. Uma deliciosa bachata, fazendo jus ao estilo. Podemos dizer que a bachata seria a nossa sofrência sertaneja? Que tal este trecho "Você me abriu as feridas que eu já havia curado com limão, tequila e sal". A música foi lançada no disco Five (2017) do cantor e depois foi incluída no El Dorado (2017) de Shakira. No clipe, Shakira está lá, como sempre, dançando. Eu sempre que ouço uma bachata, já saio dançando e com este dueto, não poderia ser diferente. 



SHAKIRA E MANÁ
Fonte: LatinPop Brasil
Quem aqui não se lembra de Maná? A banda de rock mexicana convidou Shakira para uma parceira na música Mi verdad (2015). Foi lançada como primeiro single do disco Cama Incendiada, nono álbum do grupo. A canção foi trilha de uma novela mexicana chamada Sueño de Amor. Ah, Shakira estava grávida nesta época. 



SHAKIRA E BLACK M
Fonte: YouTube
E chegamos ao fim desta lista da melhor forma possível, dançando! Shakira juntou-se novamente com um rapper, desta quem a convidou para um dueto foi o francês Black M para o seu disco Éternel insatisfait (2016). A música, claro, também foi incluída no El Dorado (2017). É dançante, um pop/hip hop, com aquela batida latina que podemos encontrar em Hips don't lie, por exemplo... ah, chega de falatório. Dá o play! 


É isso! Espero que tenham gostado da lista, quem ainda não conhecia Shakira e/ou estas canções, espero que tenha se divertido com as "novidades". Fico por aqui e até a próxima.

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Tentei fazer uma canção

Eu queria muito te escrever uma canção
Mas eu tentei fazer as palavras saírem do coração
Procurei por versos, rimas,
Queria alguma sensação
Mas no final, não consegui nem poesia nem som

Então deixei a ideia de lado
Procurei não forçar a situação
E numa noite dessas
Sonhei com tudo
Inclusive poesia e som
Ao acordar, uma frustação
Não lembrava de nada
Só me restava a sensação

Sonhei que eu cantava minha canção
Você sorria, emocionado, eu sei que toquei seu coração
Tudo era branco, uma paz
Todos choravam de emoção
Mas eu acordei, não lembrava da canção

Tentei muito lembrar cada verso
Melodia
Som
Não adianta, não consegui te escrever minha canção
Espero que entenda
Não desistirei não
Um belo dia eu sei
Vou te escrever uma canção

Saudade aperta o coração 
Mas eu não vou desistir não 



quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Revendo "A dama na água"

Eu já mencionei por aqui que não me considero crítico (especialista) em nada. Quando comento sobre filmes e música, deixo apenas minhas sensações. Dito isso, vamos para a conversa de hoje. 

A DAMA NA ÁGUA 

http://movies.radiofree.com/reviews/ladyinth.shtml

Lançado em 2006, A dama na água (Lady in the water) é um filme do diretor M. Night Shyamalan - que também dirigiu O sexto sentido - e que acabou me surpreendendo. Como já sabem, adoro filmes de terror/suspense e, na época, recordo-me de que o trailer passou uma ideia de que seria um filme do gênero. Eu não poderia estar mais enganado. 

Sendo curto e grosso: é uma fábula. Fugindo do tradicional, o filme não nos tenta convencer de que é uma fábula, ele simplesmente segue o fluxo como se tudo aquilo fosse normal. Eu confesso que demorei a perceber isto, passei mais da metade do filme esperando aparecer algum fantasma ou algo parecido. Depois de muitos estranhamentos, quando o filme chegou ao fim eu me peguei com o olhos marejados. Exagero? Pois que seja. 

No geral, o filme foi muito apedrejado e não vou discutir esta questão aqui. Não me interessa mesmo. O fato é que depois de O sexto sentido, acredito que muitos pensaram que todos os filmes dele seguiriam a mesma linha. 

Há um quê de mistério nos filmes de Shyamalan (pelo menos nos que eu assisti), mas passa longe de ter aquela tensão que causa os famosos sustos nos espectadores. 

Por que os estranhamentos? Os personagens aceitam muito fácil a situação fantástica que o filme apresenta: ninfa do mar, criaturas da floresta, águia gigante. Então eu paro e penso, em fábulas ou contos de fada acontece a mesma coisa, animais falantes, árvores falantes, tudo é tido como algo natural, a diferença é que estes são geralmente animações/desenhos e A dama é com gente de carne e osso. 

O que me surpreendeu mesmo foi a história, e é bem simples: humanos e seres do mar perderam o elo de comunicação e ao perdê-lo, por culpa dos humanos, o mundo dos homens tornou-se ganancioso e descontrolado, com guerras e destruição. No entanto, os seres do mar nunca desistiram de tentar se comunicar com eles. Manda uma criatura para a Terra vez ou outra com uma missão e depois esta criatura precisa voltar para casa. Claro que nem tudo é tão simples assim.

O filme trata-se de fé, sem ela, nenhuma personagem teria seguido em frente para ajudar a ninfa a retornar para o seu mundo. Trata-se também de conexão/cooperação, sim, estamos todos conectados de certa forma e cada um pode contribuir para o bem geral. Para ajudar Story (a ninfa) a retornar para casa, é preciso encontrar um curandeiro, sete irmãs, um guardião (e devo estar esquecendo de algo) e cada um exercendo a sua função, contribuem para um alvo em comum, ajudar o próximo. 
"Obrigado por salvar a minha vida"
"Obrigado por salvar a minha vida"
http://www.fanpop.com/clubs/m-night-shyamalan/images/1027044/title/lady-water-screencap

Não posso deixar de mencionar as coincidências. Muita gente acredita que elas não existem, tudo acontece pois já estava traçado. E no filme, a maior coincidência de todas foi quando descobriram quem era o verdadeiro guardião, aquele que poderia derrotar a fera que tentava aniquilar Story. Ele apareceu no momento exato! Parece incrível não é?! Mas quantas vezes isto não acontece conosco? 

Alguns acreditam e outros não, mas viemos ao mundo com um propósito e vamos descobrindo sobre isto no decorrer de nossa jornada. No filme, personagens que pareciam "inúteis" (digamos assim) são extremamente necessários para o desenrolar da grande tarefa: ajudar Story a voltar pra casa. Em outras palavras, todos temos nosso propósito neste mundo, por vezes descobrimos por conta própria e outras vezes alguém nos ajuda a perceber a nossa importância. 

E os meus olhos marejados? Quando a última cena ocorreu, tomadas vão mostrando todos aqueles que foram responsáveis por aquele desfecho. Eu me dei conta desta corrente de pessoas do bem, praticamente estranhas umas para as outras, mas unidas por um propósito. É como quando a gente vê aqueles vídeos "recuperando a fé na humanidade". Parece frívolo ou simples demais para me emocionar, mas me emocionou.

http://www.fanpop.com/clubs/m-night-shyamalan/images/1027068/title/lady-water-screencap
O filme tem falhas? Deve ter. Assim como eu falei no post sobre "The veil", eu gosto mesmo é da experiência, para mim, ela foi boa. Ver e rever este filme foi uma surpresa boa.  

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Shakira - Duetos (parte II)

Vamos dar continuidade ao nosso especial Shakira! E já começo com um tiro no coração (ao menos para mim).

SHAKIRA E MIGUEL BOSÉ
https://www.youtube.com/watch?v=_nb0mouZBhw
O dueto foi uma regravação da canção Si tú no vuelves, lançada em 1993, do próprio Miguel. A original pertence ao disco Bajo el signo de Caín (1992) e a regravação é do Papito (2007). Para mim, esta é uma das músicas mais tristes já criadas, tanto pela letra quanto pela melodia. Quem me apresentou foi um amigo muito especial que já não está mais entre nós. Sendo assim, muitas lembranças. Ouve aí e me diz. 

 

SHAKIRA E IVETE SANGALO
https://noticias.bol.uol.com.br/fotos/entretenimento/2014/07/16/em-poucos-passos-copie-os-cabelos-de-ivete-sangalo-e-shakira-na-final-da-copa.htm
Finalmente! Talvez fosse um dueto muito esperado pelos fãs. Duas musas latinas unidas. E provavelmente, muitos conheçam a faixa. Shakira foi chamada a fazer uma participação no disco de Ivete Sangalo, o Real Fantasia (2013). Teria todos os ingredientes para ser um hit, mas problemas de autorização impediram o dueto de figurar na versão física do disco, ficando apenas como faixa-bônus na versão digital. A letra não me agrada muito, poderia ser mais explorada, mas para se dançar, não tenho do que reclamar. Ivete e Shakira pedem e repetem "dançando, dançando, dançando" e fica meio difícil de ficar parado. Teve clipe, mas infelizmente foi sem Shakira. 



SHAKIRA E BEYONCÉ
http://weheartit.com/entry/99393119
Outra combinação explosiva lançada em 2017. Beautiful liar foi um belíssimo diálogo entre Beyoncé e Shakira. A americana até aprendeu a fazer uns movimentos de dança do ventre para o clipe. A música é uma bela mistura do R&B e hip hop de Beyoncé com os elementos latinos e arábicos comuns em Shakira. As duas descobrem que estão sendo enganadas pelo mesmo homem. Ao invés de brigar, resolvem se unir e não perder a amizade e percebem que não vale a pena se desgastar por este "belo mentiroso". A música está na reedição de B'day (2006). Um versão que misturava o espanhol também foi lançada, mas sem Shakira, chamada Bello embustero. 



E aqui termina a parte dois. Apesar do começo entristecido, terminamos cheios de alegria com dois duetos para se dançar. Fiquem ligados que logo mais teremos a continuação. Shakira e seus duetos daria um CD inteiro. 

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

E eu te vi

E eu te vi adoecer. Seu olhar foi ficando triste, parecia não haver mais vontade de viver. Sentar, levantar, andar, correr e dançar. Tudo tornou-se uma tarefa árdua. Tua rotina agora era comer, dormir e a dor suportar.
E eu presenciei tua mudança de humor. Tua tranquilidade e serenidade deram passagem à agressividade e rispidez. Desconfiei que algo estava errado, mas não imaginei que seria algo tão amargo.
E eu vibrei com a tua tentativa de dar a volta por cima. Você arregaçou as mangas e praticamente deu o seu grito de independência: “A dor eu controlarei e minha vida eu reerguerei.”
E eu vi seus sonhos se desmancharem feito papel molhado. Foi quando seu corpo já gritava que dali em diante, ele não funcionava.
E eu te vi perdendo a fome. E eu te vi perdendo a luz. Você tentou e tentou e tentou. Para não dizer o quanto lutou. Teu corpo já não suportava, e sua alma agora se libertava.
E eu te vi definhar. Aquele corpo naquela cama não era mais teu, eu não podia mais te reconhecer naquela casca. E então eu rezei...
Pedi por tua liberdade, por tua saúde, por tua reconquista, seja lá como tudo isso seria adquirido. Eu só precisava te ver novamente feliz.
E eu te vi partir. Abandonou aquela casca enfraquecida, frágil, sem vida.
E eu te vi sorrir. E eu te vi dançar. E eu te vi fazer tudo o que sempre quis. Sei que algumas vezes você vem me visitar. Sei que algumas vezes eu fico a chorar. Sem dor, sem tristeza. O que persiste e o que dura é o amor, a saudade e a certeza. Sim, estou certo de que agora você está livre, saudável e no comando da tua vida.
E eu finalmente aprendi... 


quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Eu e os filmes de "medo"

Eu não sou crítico de cinema e muito menos vejo filmes assim: “oh, a direção de arte está belíssima”, “oh, a fotografia está incrível”. No máximo eu digo “gostei da trilha sonora e os atores foram bons”.
Constantemente eu penso que tudo aquilo de que gosto, as pessoas odeiam e vice-e-versa. Falta senso crítico em mim? Talvez. Eu gosto mesmo é da experiência, se está me fazendo bem ou não. E assim eu fui assistir a um filme chamado “The Veil” (em português ficou “A Seita”), tem na Netflix para os curiosos.
https://gruesomemagazine.com/2016/01/27/the-veil-2016-much-ado-about-nothing-much-at-all/
Confesso que meu critério para escolher um filme geralmente se baseia em quem está no elenco, não por qualidade do ator, mas por empatia minha. Adoro Penélope Cruz, Natalie Portman, Angelina Jolie, Julia Roberts, Nicole Kidman (a lista é grande), se vejo seus nomes na capa de algum filme, vou atrás. E aconteceu que Jessica Alba e Lily Rabe estrelam este filme (Jessica tem me decepcionado um pouco, confesso).
Outro critério é favoritismo. Adoro filmes de terror e suspense, não pelos sustos, mas pela tensão. Aí entra a questão da experiência: filmes destes gêneros me conquistam quando me prendem psicologicamente. Sustos aleatórios e gratuitos não me convencem mais. Sangue jorrando (cenas de nojeira, como eu costumo dizer), tampouco. A propósito, eu nem me assusto mais nestes filmes, pois são muito previsíveis.
No caso do “The Veil”, em determinada cena havia um cadáver em decomposição, as pessoinhas que encontraram o corpo acabaram cobrindo com um plástico branco. Então a protagonista (Lily) fica ali, sentada, olhando pro cadáver (sozinha, óbvio) e falando coisas. Eu pensei “este corpo irá se levantar em 3, 2, 1...” e não deu outra. Susto? Não em mim.
https://www.pophorror.com/review-the-veil-2016/
Se eu gostei do filme? Sim, gostei (esperando a enxurrada de pessoas dizendo que o filme é uma porcaria). Mas por que eu gostei? De fato, o filme não é bom, têm cenas um pouco forçadas, fracas demais, porém o interessante para mim foi a história mesmo, pegaram um fato “real” (existiu uma seita chamada Heaven’s Gate, a do filme é Heaven’s Veil) e inventaram uma explicação/continuação para aquele suicídio coletivo que ocorreu. E foi aí que eu gostei. Mesmo sendo uma coisa muito alucinógena, a ideia me agradou. Uma coisa meio “The skeleton key”. Eu assistiria ao filme novamente? Talvez.
Eu sinto falta de filmes como “The others” e “The conjuring”, em que o terror/suspense é sugerido e não escancarado, pois odeio quando fica aparecendo a assombração. Eles tentam deixar a criatura medonha, mas fica muito artificial. No Invocação do mal (The conjuring), pelo menos na primeira parte do filme, você fica super tenso, pois nada é visto, você apenas ouve barulhos (e não é assim que acontece conosco na maioria das vezes?). Aliás, nada contra filmes de susto e assombrações medonhas, até assisto. Mas eu já sei o que me aguarda em cada cena.
“The Veil” ou “A Seita”, como preferir, decepciona por ser um filme mal executado, mas mesmo assim me conquista por sua história (mesmo que apresente algumas falhas), pois me mostrou algo que estamos vendo o tempo todo, o fanatismo religioso, a crença de que um líder detém todo o poder e sabedoria, fé cega que levou e leva pessoas a fazerem coisas absurdas, como morrer ou matar, acreditando que terão vida eterna, etc., etc., etc. A propósito, o ator que faz o líder religioso (Thomas Jane) está de parabéns por sua atuação. E Lily Rabe nem preciso comentar.
https://nevermore-horror.com/the-veil-review/
Vale a pena ver o filme? Digo que sim. Mas ele não irá causar nenhum impacto em sua vida. Falar em impacto, lembrei do “The Poughkeepsie Tapes”, mas isso fica pra outra hora.  

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Shakira - Duetos (parte I)

Desde 2016 sem aparecer por aqui! Nada melhor do que retornar ao "trabalho" falando de Shakira.

Sim! Ela vem ao Brasil novamente! Agora com a turnê El Dorado, para promover o álbum homônimo. 

Para acalmar a minha ansiedade, vamos falar sobre as músicas dela. Na realidade, vamos falar sobre os seus duetos. 

Imagem: https://www.portalshakira.com/shakira-anuncia-retorno-aos-palcos-para-2018/
Se você não conhece a Shakira, ótima oportunidade para conhecer um pouco de seu trabalho. Acredito que a maioria das músicas aqui, apesar de tocadas em rádios e serem singles oficiais, sejam desconhecidas do grande público (aquele que só conhece Estoy Aquí e Hips Don't Lie). Aliás, esta última também é um dueto e por motivos óbvios [foi tocada 9.637 vezes em uma semana em rádios americanas], deixarei de fora da lista. Vamos começar?

SHAKIRA E ALEJANDRO SANZ
Imagem: https://www.portalshakira.com/shakira-no-novo-album-de-alejandro-sanz/
Quando citamos estes dois nomes, pensamos logo em La Tortura. Pois bem, Shakira convidou o cantor espanhol para participar deste hit de 2005, que faz parte do disco Fijación Oral vol. 1. Um tempo depois, ela aparece no disco de Alejandro (El Tren de Los Momentos) com a faixa Te lo agradezco, pero no.  A canção é o oposto de La Tortura, até porque a dupla não queria que fosse uma continuação de 2005 (uma La Tortura 2). De acordo com Alejandro, foi Shakira quem o procurou e disse "quero cantar esta música", já que ele declarou que jamais a chamaria para um dueto após La Tortura, justamente para não parecer "hey, eu cantei em seu disco agora cante no meu". A música foi muito bem recebida pela crítica. O ritmo é romântico e sensual. Vale a pena! 



SHAKIRA E MERCEDES SOSA
Imagem: http://angelicaitalia.blogspot.com/2014/02/concierto-alas-shakira-mercedes-sosa-la.html
Aqui eu fico sem palavras. O dueto aparece no disco Cantora 1 da argentina Mercedes Sosa. A canção é, na verdade, um cover de Sílvio Rodriguez. As duas subiram ao palco do concerto beneficente ALAS (América Latina em Ação Solidária) para interpretar a música. Uma letra forte, gerando reflexão e emoção e com interpretações igualmente fortes e emocionantes.


Vou ficando por aqui, acho que para retornar às atividades, duas canções estão de bom tamanho. Logo eu escrevo sobre a parte II, com mais duetos de Shakira. Espero que tenham gostado. Até a próxima!