E eu te vi adoecer. Seu olhar foi ficando triste, parecia não haver mais vontade de viver. Sentar, levantar, andar, correr e dançar. Tudo tornou-se uma tarefa árdua. Tua rotina agora era comer, dormir e a dor suportar.
E eu presenciei tua mudança de humor. Tua tranquilidade e serenidade deram passagem à agressividade e rispidez. Desconfiei que algo estava errado, mas não imaginei que seria algo tão amargo.
E eu vibrei com a tua tentativa de dar a volta por cima. Você arregaçou as mangas e praticamente deu o seu grito de independência: “A dor eu controlarei e minha vida eu reerguerei.”
E eu vi seus sonhos se desmancharem feito papel molhado. Foi quando seu corpo já gritava que dali em diante, ele não funcionava.
E eu te vi perdendo a fome. E eu te vi perdendo a luz. Você tentou e tentou e tentou. Para não dizer o quanto lutou. Teu corpo já não suportava, e sua alma agora se libertava.
E eu te vi definhar. Aquele corpo naquela cama não era mais teu, eu não podia mais te reconhecer naquela casca. E então eu rezei...
Pedi por tua liberdade, por tua saúde, por tua reconquista, seja lá como tudo isso seria adquirido. Eu só precisava te ver novamente feliz.
E eu te vi partir. Abandonou aquela casca enfraquecida, frágil, sem vida.
E eu te vi sorrir. E eu te vi dançar. E eu te vi fazer tudo o que sempre quis. Sei que algumas vezes você vem me visitar. Sei que algumas vezes eu fico a chorar. Sem dor, sem tristeza. O que persiste e o que dura é o amor, a saudade e a certeza. Sim, estou certo de que agora você está livre, saudável e no comando da tua vida.
E eu finalmente aprendi...
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