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sábado, 6 de setembro de 2014

Debaixo da pele e a preguiça


Quem sou eu para escrever sobre filmes e quem sou para fazer críticas. No entanto, não consegui me calar ao ver os inúmeros comentários negativos a respeito do filme Debaixo da pele (Under the skin), do diretor Jonathan Glazer e estrelado por Scarlett Johansson. Ao ver o filme, cheguei a conclusão: o público está muito preguiçoso. 

Cartaz do Filme
http://cinecartaz.publico.pt/Filme/debaixo-da-pele-332903
Não estou querendo dizer que sou culto, pelo contrário, acho que eu sou até ignorante demais, só que eu não pude deixar de observar que as pessoas andam muito viciadas em velocidade. As coisas precisam ser instantâneas, e neste ritmo frenético, nos esquecemos de algo que o filme atira em nossa cara: a sensibilidade. Se no filme, Laura (Johansson), um alienígena que se alimenta de carne humana, parece não ter sensibilidade (afinal ela não é humana), nós ao assistirmos ao filme - e ao criticá-lo de forma tão vazia - também demonstramos essa falta de sensibilidade. Uma pequena diferença é que a personagem acaba se deparando com uma súbita "humanidade" em si, algo que desperta curiosidade e passa a ser conflitante, enquanto nós, continuamos correndo-parados, sempre querendo o
instantâneo, o ligeiro, o que é mastigado e nos entregado de bandeja. O filme é lento? É! Só que ele nunca disse que seria uma aventura de tirar o fôlego, aliás, o trailer já entrega a proposta do filme. 
E a preguiça? Atrevo-me a dizer que o espectador anda preguiçoso sim, não quer pensar, está [mal] acostumado a ver filmes que entregam tudo bem explicadinho, e de forma super rápida, não há pausa para reflexão. E este filme nem levanta questões tão existenciais assim, a meu ver, parece mais simples do que se pode pensar. Contudo, não estou aqui para analisar o filme, estou apenas expressando a minha frustração ao ler comentários negativos e tão superficiais pela rede. As coisas vão sendo descobertas enquanto a própria Laura as descobre, parece que estamos "viajando" nestas descobertas junto com ela, sem precisar uma fala ou um narrador nos explicando tudo. Inferência e análise, é sempre bom praticar.  
Mais um ponto: aposto que boa parte dos marmanjos que pagaram/baixaram/assistiram online a este filme, certamente o fizeram após pipocar na internet notícias chamando atenção à nudez de Scarlett Johansson (mídia vazia). Deram com os burros n'água! Existe nudez? Sim. Contudo, são cenas simples e estéticas. Ainda por cima temos cenas de nudez masculina. Opa! Que coisa horrorosa. Eu, um homem macho estou esperando por Johansson nua e me deparo com um monte de nu frontal masculino. Faça-me o favor, vou embora, filme chato. Consigo imaginar suas caras! O mesmo aconteceu com quem foi aos cinemas para ver "Ninfomaníaca", esperavam um pornozão nas telonas e... saíram frustrados. 
Em resumo: estou cansado das pessoas serem tão preguiçosas, existe um cérebro, então usem! Não estou pedindo para que sejamos existencialistas, filósofos, etc e tal. Estou pedindo para sairmos da superfície, tentar mergulhar um pouco em outros níveis, e deixar de sermos tão rasos. O filme não é uma obra-prima, e também não é o lixo que andam dizendo por aí. Bem, é claro que numa sociedade em que os campões de bilheteria são estes filmes aí (não quero rotular ninguém), não é de me espantar que um Under the skin seja considerado um zero à esquerda pela massa.