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segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Aguilera: é tão bom quando não grita

Que Christina Aguilera é uma das vozes (se não a voz) mais poderosa de sua geração, todo mundo sabe. Mas que também ela grita demais em suas músicas, todo mundo concorda. 

Não sei se foi o fato de que no início de sua carreira ela foi muito presa, fazendo com que ela saísse gritando para expressar liberdade, apenas sei que pessoas que estudam música são unânimes ao dizer que voz boa ela tem, mas que não tem técnica nenhuma e está a cada dia estragando o seu instrumento. 


Se você sempre fugiu de Aguilera por não suportar os seus gritos ou se você, assim como eu, se cansa em alguns momentos de tantos berros, chegou a hora de saber que existem músicas em que ela canta sem gritar. Sim, acredite, Christina Aguilera tem canções em que mostra o porquê de ser considerada uma das vozes mais poderosas de sua geração (e sem precisar nos convencer no grito). 

O primeiro disco


Pode ouvir tranquilo, em alguns momentos teremos uns gritos, ou melhor, a voz dela usada para cantar da maneira correta, subindo o tom de voz (quem entende de música sabe melhor do que eu o nome correto, se é "chest voice" e "belting" etc). Apesar disso, Aguilera sempre disse que se sentia muito presa, inclusive vocalmente, neste primeiro disco, por isso ela chutou o balde e lançou...

Stripped


Po-lê-mi-ca! Aqui ela libera geral, em todos os aspectos: sonoro, visual, comportamental... Acalme-se, existem faixas aqui em que Aguilera nos presenteia com uma suavidade que impressiona. 

Por exemplo, a doce e romântica "Loving me 4 me"


Uma declaração de amor em que Aguilera expõe que seu amado gosta dela por ser quem ela é e não pelo que ela representa: "uma superstar". Ele é verdadeiro, é honesto ela a ama de forma pura. 

Você também pode gostar da faixa-título "Stripped" (no disco se divide em parte I e II)


Neste vídeo, provavelmente usado para sua turnê, Aguilera deixa bem claro como se sentia com relação à sua carreira. Na letra, ela se desculpa por não ser aquela que desejavam que fosse, por não ser uma virgem nem uma vadia e por aí vai. Bem diferente dos "sussuros" da faixa romântica citada anteriormente, aqui temos uns trechos mais falados e quando canta, não está gritando. 

Também pode se emocionar com "I'm OK"


Acho que esta faixa é a mais explícita no sentido de se "despir". Christina Aguilera narra sobre os abusos sofridos por ela e sua mãe pelas mãos de seu pai. Apesar da ferida sarar, a dor continua a mesma e contudo, ela está bem. Durante a gravação da faixa, Aguilera chorou no estúdio e ao invés de regravar, a canção foi usada assim mesmo. Nesta versão ao vivo, é possível sentir [ainda] a dor em sua voz. Ao final, temos um tom de voz elevado, mas sem gritos (para meus ouvidos amadores). 

Back do Basics


Ela encarna o visual das divas dos tempos dourados de Hollywood. Um disco praticamente voltado para expressar o amor pelo seu marido (que agora é ex). 

Ela revisita a dor em "Oh Mother"


Apesar de falar novamente sobre o passado sombrio, a canção é mais uma homenagem à sua mãe, falando da força da mulher que praticamente salvou a si mesma e aos filhos. Temos um grito? Temos sim, lá perto do final, mas nem se compara à dor de cabeça que ela nos causa em outras faixas, que são praticamente cantadas em alto e bom tom. 

Vocais contidos e bem trabalhados em "Without you"


"Que mundo seria esse sem você?", ela teve que aprender a viver nele, já sabemos que não é mais casada com aquele que inspirou as letras. Temos vocais mais controlados aqui. 

Fazendo a linha LP com "I got trouble"


Se tem uma música em que ela mostra seu controle vocal, pelo menos para mim, é com essa daqui. Sua voz soa abafada, para nos lembrar daquele efeito de LP bem antigamente, e também aquela voz vinda do rádio. O vibrato dela me encanta. 

E o que dizer sobre a suave "Save me from myself"?


Nesta daqui eu garanto, ela é praticamente um sussurro perto das outras canções de seu repertório. É muito bom ficar ouvindo sua voz aqui e todo o seu controle do "falsete". 

Bionic


Experimentando uma sonoridade totalmente diferente (ou nem tanto assim), Aguilera deu um passo à frente com este disco e que, claro, não foi muito bem recebido. 

A romântica e erótica "Sex for breakfast"


O título já diz tudo, vocais mais suaves deixam uma carga mais sensual para a letra. Longe de querer ser uma canção sexy, está mais para um romantismo-ousado. 

A retrô e metafórica "Elastic love"


Aqui ela soa até meio robótica mesmo, intencionalmente. Abusando dos filtros e dos efeitos, Elastic love nos leva de volta aos anos 80. A faixa tem como uma das escritoras a cantora M.I.A. 

"I am" é quase uma canção falada


Christina Aguilera canta sobre todos os seus "seres": é emotional, é imprevisível, é imperfeita, é vulnerável, e por aí vai. Vocais totalmente controlados. 

BÔNUS:

A canção fofinha, trilha sonora do filme Burlesque


Ah como eu queria que ela seguisse com essa linha musical, não apenas pela sonoridade que combina com ela, mas pelo jeito de cantar. 

Por mais que eu adore seu vozeirão, Aguilera precisa aprender que muitas vezes menos é mais. Sua voz é linda, mas quando ela resolve apenas sair gritando por aí, além de prejudicar a voz (como os especialistas afirmam) ela machuca nossos ouvidos. Seja uma boa menina e cante de verdade, voz você tem, falta usar com moderação. 

Esqueci de alguma? Sinta-se à vontade para comentar. 

imagens: rollingstone.com / en.wikipedia.org

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