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sábado, 31 de março de 2012

A primeira resenha a gente nunca esquece

A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS - MARCOS ZUSAK
(resenha para disciplina de produção de textos na faculdade, em 2009)

“Quando a Morte conta uma história, você deve parar de ler.” Essa frase impera solitária na contracapa, escrita em um tom de vermelho que contrasta com o fundo branco e que discretamente nos dá uma ordem: NÃO LEIA. Tudo o que é proibido nos desperta certo interesse, e com uma “advertência” dessas não seria diferente. Aguçando a nossa curiosidade, nos faz mergulhar nas páginas desse romance.

Markus Zusak, munido de um lirismo encantador, nos conta a história de Liesel Meminger, que foi adotada por um casal pobre para fugir do Nazismo na Alemanha. Com isso seu novo endereço passaria a ser a Rua Himmel, na cidade de Molching, que ficava além dos arredores de Munique. A novidade fica por conta de nossa anfitriã, a Morte. Será ela que nos guiará durante toda essa narrativa. A ceifadora de almas se encontrou por três vezes com Meminger, e nesses três encontros ela conseguiu sair viva. Impressionada com tamanha façanha, a Morte resolve nos contar sua história.

Polidamente, como toda boa anfitriã, a ceifadora se apresenta. Logo depois nos introduz à menina roubadora de livros que até o presente momento era apenas uma menina. Acompanhada pela mãe biológica, a pequena Liesel e seu irmão de seis anos seguem de trem ao encontro da nova família. Mas por um infortúnio, após um acesso de tosse, o menino acaba falecendo durante a viagem. O garoto foi enterrado ao lado da linha férrea, o chão totalmente coberto pela neve e graças ao descuido de um jovem coveiro, Liesel estaria prestes a se tornar a roubadora de livros. Pois jazia ali na neve, aquele ponto preto que quase passou batido aos olhos de Liesel, O Manual do Coveiro. Algo inexplicável a fez querer pegar aquele livro, mesmo ainda sem saber ler uma palavra sequer.

Os novos pais de Liesel eram Hans e Rosa Hubermann. Ele um pintor desempregado e ela uma dona de casa rabugenta. É possível aos poucos se acostumar com o jeito de Rosa e compreender sua estranha forma de demonstrar amor, mesmo muitas vezes parecendo que ela não tenha coração. Esse efeito é totalmente contrário com Hans, é fácil se apaixonar por ele quase que de imediato. E é também o próprio que ensina Liesel a ler. Como na noite em que ele descobre O Manual do Coveiro escondido embaixo do colchão de sua filha. Após um curto diálogo com ela, os dois decidem ler o livro. Claro que foi Hans quem o leu, e a partir daquela noite decidiu ajudar sua filha a ler. É bom ressaltar que a Rua Himmel, na tradução mostrada pela nossa narradora, significava céu. Fazendo uma análise do contexto, é um interessante jogo com as palavras, pois Liesel havia se mudado para essa rua justamente para fugir dos terrores do Nazismo, enfrentou a morte do irmão e teve que se separar da mãe, sem saber se a mesma ainda estava viva ou não. Mesmo a rua não sendo um paraíso na Terra – feito impossível, ainda mais ao se tratar de uma guerra –, fica claro o contexto de “salvação”, uma vez que a garota foge do inferno e se dirige rumo ao céu, mesmo que esse céu seja apenas o nome de uma rua.

Liesel escondia O Manual do Coveiro embaixo do colchão e vez ou outra o tirava de lá, e ficava segurando, fixando o olhar naquela capa preta, nas letras ali impressas. Como ainda não sabia ler, não fazia a menor ideia do que estava escrito ali, e isso nem tinha tanta importância. O mais importante para ela era o significado do livro, pois foi a última vez que tinha visto seu irmão e sua mãe. A descoberta do Manual feita por Hans aconteceu numa noite em que Liesel desperta de um pesadelo e acaba fazendo xixi na cama. Ao retirar o lençol, o livro acaba vindo junto com o tecido e vai ao chão. Por fim, tornou-se um hábito as visitas noturnas do pai ao quarto da filha, momentos de calmaria e ternura que preenchem o vazio criado pela guerra.

Com isso Liesel descobriu algo novo: o mundo das palavras. Um mundo que a ajudaria a sobreviver em uma realidade inconstante, uma vida que parecia sem futuro. As palavras eram tão fortes e significativas em sua vida, que Liesel ainda roubaria outros livros no decorrer de toda a história, uns da mesma forma como foi o seu primeiro furto e outros de forma descarada. Como fazia ao roubar da biblioteca da esposa do Prefeito. A dona da biblioteca sabia dos furtos e propositadamente deixava a situação favorável para a menina. A esposa do prefeito foi uma das melhores amigas de Liesel, e que ela demorou a perceber como tal.

Outros personagens também foram fundamentais em sua vida. Como o garoto Rudy Steiner, seu melhor amigo e namorado que nunca teve. De extrema importância foi também a amizade que teve com o judeu do porão. Hans prometeu a um amigo que o ajudaria sempre que precisasse, e o momento era esse. O filho desse amigo de Hans era o judeu Max, que também fugiu de toda a perseguição na Alemanha e foi parar ali na rua Himmel, no porão dos Hubermann. Era um amigo e ao mesmo tempo um fantasma. Ele não poderia ser visto por outras pessoas e Liesel sequer poderia falar dele para alguém, muito menos para Rudy. O aparecimento de Max na história nos dá mais ânimo, mostra uma Liesel mais empolgada e preocupada. Tanto que ela zelou pelo judeu do porão enquanto ele estava adoecido. Ela verificava todos os dias se ele respirava. Sem contar que causou uma mudança no humor de Rosa, ela estava menos irritada.

Enfim, essa é uma obra rica em sua narrativa. Markus Zusak deixa a história saborosa aos nossos olhos, nos faz parecer uma criança solta em uma loja de doces, querendo devorar cada página. As metáforas usadas a deixam mais leve, como quando o autor diz que “as árvores usavam cobertores de gelo” ou “o avião ainda tossia. A fumaça vazava de seus dois pulmões”. E o foco desse livro é o poder das palavras, que podem ajudar e derrubar, construir e destruir. Palavras que fizeram de Liesel Meminger viva. Palavras, que semeadas pelo Führer, também moveram uma nação e seus partidários, palavras que quase dominaram o mundo. Meminger usaria as palavras que saltitavam de seus livros para acalmar a todos que se encontravam no abrigo durante os bombardeios. Essa sua façanha e intimidade com as palavras, fez com que Max escrevesse uma pequena história inspirada na menina e depois daria de presente a ela e mais tarde a própria Liesel escreveria a sua.

Enfatiza-se a importância das palavras na vida de Liesel e brilhantemente tal importância é retratada na história criada por Max. Foi a leitura e sua fome por ler que pôde manter a pequena Meminger esperançosa e acreditando que alguma salvação era possível. Ler era a sua fuga. E definitivamente as palavras deixaram a nossa Liesel viver. 

quarta-feira, 28 de março de 2012

O menino que queria voar


Era uma vez um menino que queria voar
Pegou uma cadeira e lá de cima foi saltar
Poft! Caiu com a cara lá no chão


Mas ele não desistiu e novamente foi tentar
Dessa vez subiu no telhado, altura queria ganhar
Poft! Caiu de novo, levou um tombão


Um tempo depois das ataduras retirar
Ele persistia com a ideia: queria voar
Plim! Caiu como um raio a solução


Depois de tantas vezes tentar 
Ele finalmente conseguiu o desejo realizar
Ele só teve de fechar os olhos e então a imaginar, plim!




segunda-feira, 26 de março de 2012

Uma exceção


“Mas o que você faz aqui ainda?”
Foi com essa frase que desencadeei tudo. Eu estive ali no camarim o tempo todo, ajudando com figurinos e maquiagens, com avisos de horário e com minhas seletas frases de encorajamento. Atores, atrizes: seres mais histéricos e carentes de atenção eu nunca vi. Ao final, todos estavam prontos para ascender ao palco e dar início ao espetáculo de mentiras coletivas. Todos, menos um.
- Não entendi o porquê da enrolação. Vamos, todos já subiram.
Seus olhos verdes, quentes como as águas do Caribe, porém tão erráticos e enganosos como as grandes ondas da mesma região, me fitavam com ardor. No rosto ele portava um sorriso dúbio, uma expressão que eu não sabia como classificar, mas que provavelmente se encaixaria entre o desejo e a crueldade. Com uma mão ajeitou os fios de cabelo dourados que pendiam em sua testa, enquanto se movia lentamente em minha direção. Aquela visão me atordoava, me fazia tremer, deixava minha visão turva e minha respiração pesada. Logo eu, que sempre me considerei tão sensato, tão cerebral... Estava ali, quase paralisado, talvez por medo, talvez por fascínio.
Sem proferir uma única palavra me envolveu em seus braços, e antes que eu pudesse protestar cobriu minha boca com a sua. Juro que podia sentir como se ele tivesse tocado meus lábios com uma escaldante brasa, que violentamente os havia selado para todo o sempre. Embora ele me tocasse com delicadeza, eu me sentia como uma presa sendo estraçalhada viva por um predador maior. Seu corpo todo emanava a selvageria de um grande felino, sua boca asfixiante e sua língua invasora tinham gosto de mel e sangue. Meu sangue.
Agora havia entendido o porquê da demora; ele me queria sozinho, desprotegido, completamente sem saída. Senti-me desejado, como se ele finalmente houvesse descoberto a real extensão de meus sentimentos e resolvido retribuir a seu jeito. Com uma piscadela e um meio-sorriso me soltou e correu em direção às escadas. Fiquei ali no camarim por mais alguns minutos, tentando pensar se estava bem ou mal, se naquele momento eu tinha sido amado ou brutalizado. Mas será que isso realmente importa? Não sei. Tudo que sei é que isso que sinto agora não tem um nome.
(Thèrese Nouvion)

domingo, 25 de março de 2012

A tal Literatura Paranaense

Alguém me explica por que eu preciso estudar (obrigatoriamente) esta matéria? Orgulho de ser paranaense? Não. As obras não são relevantes e insistem em nos fazer descer goela abaixo o que chamam de Literatura do Paraná. 
Até agora só vi poemas e mais poemas, palavras de baixo calão, alguns endereços antigos e biografias. Continuo achando que não tem nada demais, continuo achando uma porcaria, continuo não valorizando. 
Não conhecia, não gostei, não gostarei e não vejo a hora de acabar o semestre para me livrar dessa disciplina.

Que vire optativa, sempre tem gente querendo estudar isso, mas não eu.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Uma noite fria

Eles passaram pelas portas de vidro, a moça virou-se para eles e disse:
- Podem se despedir de seu filho aqui.
O garoto abraçou seu pai, sua mãe e seu irmão. As lágrimas não puderam ser evitadas e ele só queria poder ter tido a força de contê-las e não deixar a situação pior do que já estava. A moça ofereceu-se para levar a sua mala, e caminharam pelo longo corredor. Ele nem sequer ousou olhar para trás, seria muita tortura ver aquela parte da sua família que estava ali, parada e impossibilitada de mudar aquele cenário.
Entrou no quarto, a moça despediu-se e fechou a porta. Ele apagou a luz, sentou-se numa poltrona e chorou muito mais. 
Aquele quarto escuro e vazio, as cortinas abertas deixavam que ele pudesse ver as estrelas, suas companheiras naquela noite insone. Suas lágrimas foram interrompidas por uma batida na porta:
- Com licença, está precisando de alguma coisa? Mais um cobertor ou travesseiro?
Neste instante, o rapaz percebeu que o ocupante daquele quarto chorava.
- Mas porque estas lágrimas? Vai dar tudo certo. Precisa de alguma coisa?
- Só queria comer.
Já passavam das 2AM. O rapaz saiu e ele repetiu em voz alta para si mesmo, em tom de zombaria:
- "Vai dar tudo certo"... se ele soubesse. 
- Vou até a cozinha ver o que posso fazer.
Minutos depois ele regressa com uma bandeja com biscoitos, chá e umas torradas. 
- Se precisar, é só chamar.
Ele sorriu em resposta. E voltou-se para o pequeno lanche. Cada mordida vinha acompanhada de soluços e mais lágrimas. Uma competição, mastigava e soluçava, mastigava e soluçava. Deitou, mas não queria dormir. Levantou-se e foi até a janela, abriu e sentiu aquele vento gelado da madrugada balançar seu cabelo e refrescar o seu rosto, ele fechou os olhos e viu seus familiares na recepção, parados, sem ter o que dizer, sem ter algum outro gesto a não ser o de ficarem lá, talvez petrificados e observando enquanto ele se afastava. Pensou também que não deveria ter recusado em falar com suas irmãs ao telefone mais cedo, ouvir suas vozes seria o melhor acalanto naquele momento. Deveria ligar? Hesitou, não queria acordá-las e não conseguir dizer nada a não ser chorar do outro lado da linha, e talvez deixá-as preocupadas.
Ali, os três: pai, mãe e irmão provavelmente também choraram enquanto viam o rapaz sair pelo corredor e virar à direita e desaparecer. Talvez, enquanto os três se voltaram e passaram pela porta de vidro em direção ao carro, também chorassem ou talvez tentassem não mostrar a tristeza que os assolava para que pudessem, juntos, ficar fortes. 
Ele abriu os olhos, virou-se e encarou aquele quarto vazio, luzes apagadas que só deixavam aparecer uma única cor, o cinza. Em algum momento ele voltou para a cama e adormeceu. 
E as luzes, continuavam a passar e passar. Na realidade, era ele quem passava por elas.

quinta-feira, 1 de março de 2012

After the rain


Image from: betterphoto.typepad.com

I like the smell of the city
The lights reflecting on the street
After the rain
I like the breeze through my hair
And hearing soaked steps
After the rain

I know it sounds crazy
But it makes me feel like dancing
I don’t want to go home
All I need is to be on the streets
Feeling the energy
After the rain

Waking up is never easy
When I look through the window
It’s raining
Later on I’ll feel better for sure
Because I know I’ll be on the street
After the rain
I like to see the droplets on my window
It’s good to see the pavement all wet
After the rain

You’ll think I’m crazy
But all I want to do is dance
After the rain
I don’t want to go back home
I want to hanging around with my friends
After the rain

I feel blooming
I feel happy
It’s not singing in the rain
Because I’m all concerned about
After the rain