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quinta-feira, 4 de abril de 2019

E veio a cura?

E damos continuidade ao nosso papo sobre Vulnicura (2015). Na postagem anterior, falamos sobre a primeira parte do disco - ou os meses que antecederam a 'tragédia'. 

Black lake é o divisor de águas do disco. Depois de seus 10 minutos e nove segundos de exorcismo e sofrimento (e empoderamento, já citei a parte em que ela diz ter destruído o ícone, entre outras coisas), Björk nos entrega Family (06 meses depois). 



Claramente, as coisas não estão nada bem. Björk já inicia a música de sonoridade bem pesada com a frase "Existe um lugar em que eu possa prestar minhas condolências pela morte da minha família?" E ela segue pedindo o respeito, afirmando que há mãe e filha, pai e filha, mas não homem e mulher. A música ainda segue pesada, mas nada comparado a faixa anterior. Aqui ela já começa a falar em cura. 

A próxima faixa, Notget (11 meses depois) até parece de leve começar mais alegre, mas logo mudamos de ideia, "Certa vez você deixou de amar, nosso amor não era o bastante para te sustentar". A música possui uma batida mais desesperada, com as cordas dando até um ar de mistério ou suspense. O título seria algo "não conseguindo, não recebendo" no sentindo de que ela não recebe mais o amor do marido. 


Então Björk nos entrega Atom dance e a partir daqui os meses já não são mais contados. A música começa apenas com vocais de Björk e logo entram os instrumentais. Aqui sim, parece uma música mais voltada para uma alma mais alegre, não totalmente, mas se recuperando. Música cheia de metáforas (bastante comum em suas composições) - "nós somos nossos hemisférios [...] proponho uma dança dos átomos". Não se engane, Björk feliz não é "bota a mão pra cima e sai do chão". A música se aproxima do fim com Björk declarando "Ninguém ama sozinho, a maioria dos corações teme o próprio lar" [pausa para refletir]. 


Ainda nem tudo são flores no mundo de Björk. "Minha garganta estava entalada com coisas, minha boca estava costurada, proibida de emitir sons, eu não era ouvida." E assim ela começa Mouth mantra. Nesta música, ela faz uma reflexão sobre ela mesma, dizendo coisas como a necessidade de romper com velhos hábitos e fazer algo novo e ela agradece a própria voz que a possibilita fazer muitos sons. 


Percebi que as músicas pós-rompimento (Black lake) possuem batidas mais eletrônicas, são mais "barulhentas". Acredito que isto expresse o sentimento daquele momento, confusão, gritaria, pensamentos rápidos, etc. E Quicksand, a última faixa, não passa nada longe disso. "Quando estou partida, estou completa. Quando estou completa, estou partida". Ela larga essa logo no começo. A propósito, o título quer dizer areia movediça. Ela fala da nossa mãe filosofia e este trecho citado anteriormente é modificado a cada vez para "ela estar partida" e depois para "nós estamos partidos". E ela ainda sofre, é claro "A cada vez que você desiste, você leva embora o nosso futuro...". 

A música é uma das mais curtas do disco, com apenas 3:45min. E o mais curioso é que ela acaba de forma abrupta, parece que ficou faltando um pedaço... 


Mas afinal, ela conseguiu se curar? Conseguiu ao menos se recompor? Ela não foi até o fim com a turnê deste disco, apesar de feitos alguns muitos shows, e prometeu um disco mais feliz aos fãs. Porém, vocês se lembram que eu disse que para a Björk, estar feliz não significa músicas "tira o pé do chão"?! Ela lançou o disco Utopia (2017) e... bem, não falarei sobre ele no momento, agora estamos em Vulnicura. 

Deixo vocês com a primeira música lançada para o Utopia e depois vocês vão tirando suas conclusões. Não esqueçam: imagem, letra, melodia, tem que analisar tudo. Agora, tchau!

"A ferida em meu peito, agora curada, transformou-se em um portal, de onde recebo e envio amor..." (pegaram a referência?)