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sábado, 25 de outubro de 2014

Desabafo: agora sei o motivo de eu não gostar de futebol

Não gosto mesmo, mas ao contrário do que pensam, não fico atacando aqueles que gostam. Vamos lá. Futebol e religião, as duas coisas que nos são impostas no momento em que chegamos ao mundo (se você nasceu menino). E tudo o que me é imposto, eu não faço.


Eu me recordo que desde pequeno fui forçado a escolher um time, pois SEMPRE perguntavam "torce pra qual time?", e com medo de ser o outsider resolvi escolher um. Aí começava a disputa: o pai quer que você torça para o time dele, e por conseguinte o avô também quer, o tio também quer, o primo também quer, e aí ficamos no meio do fogo cruzado. E eu, sempre motivado à provocação, resolvi escolher um time diferente de todos eles: BOOOM! CHOCANDO A SOCIEDADE com a minha escolha! Até que um belo dia, durante a minha adolescência, resolvi acabar com essa folia e me rebelar: "torce para qual time?" e eu respondia "NENHUM, ODEIO FUTEBOL", assim mesmo, em alto e bom som. Pessoas chocadas, como se eu estivesse dizendo que, sei lá, eu mato criancinhas para colocar na sopa. 

Vejo a história se repetindo, meu sobrinho (4 anos) já torce e sabe cantar o hino do time tal, e mal sabe escrever o próprio nome. Tem o uniforme completinho do time, já foi ao estádio assistir a uma partida, e nem sabe se trocar sozinho. Até aí tudo bem, ele pode crescer e continuar amando, pode crescer e se rebelar (feito eu), ou pode crescer e continuar fazendo as coisas para agradar papai e mamãe, aí eu acho perigoso. Personalidade, deixem-nos desenvolver a nossa, obrigado. 

A minha questão maior não é nem torcer ou não, mas a imposição que sofremos desde o útero: a repetir, meninos devem gostar de futebol e meninas de balé. Na escolinha (se você for riquinho) tem que praticar judô ou karatê (menininhos) ou fazer dança ou ginástica olímpica (menininhas). E eu me pergunto: até quando?! Seus filhos não são vocês, pais, em miniatura, eles têm e sempre terão vontades próprias. Quando os adultos deixarão as crianças escolherem o que elas querem? Se eu fosse seguir à risca a vontade do meu pai, eu seria um oficial do exército. 

Bem, eu não gosto de futebol, talvez muito mais pela imposição masculina (em tempo, a experiência é minha, não estou dizendo que todos na face Terra sofram o mesmo), talvez seja trauma de continuamente fazer algo que eu não queria - acompanhar partidas de futebol, colecionar revistinha de figuras, saber nome de jogadores e quantos campeonatos o time venceu, etc. - para ser "aceito" (na escola, durante a Ed. Física, se eu escolhesse jogar vôlei, ou outro esporte, pronto, pelos corredores me chamavam de boiolinha pra baixo). 

Só sei que futebol e religião são duas coisas das quais eu fugi quando eu tive a chance, mas não por muito tempo, pois qualquer reunião familiar resulta nos "homens da casa" sentados em frente à TV, ignorando qualquer movimento ao seu redor e prestando atenção ao campeonato, mesmo que seja do time fundo de quintal, mas é futebol e são homens, onde já se viu, precisam do futebol (e de cerveja). Vish, eu também não gosto de cerveja: BOOOM! 

Como uma amiga minha disse certa vez: "Todos temos atitudes machistas e não percebemos, e os homens também sofrem com o machismo", eu sofri, sofro e sofrerei, e continuo não gostando de futebol.  


image source: http://reviewrun.blogspot.com.br/2012/11/os-efeitos-colaterais-da-copa-ja.html